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  • Dora Ghelman

Clube das Mulheres Fodas


Comecei a assistir Sex and The City recentemente. Nunca havia assistido e sempre encarei isso como uma certa falha de caráter. Como eu nunca havia assistido antes?

Lançou na HBO Max então resolvi dar uma chance. É uma boa série para desligar o cérebro, deixar rolando no final de um dia de trabalho.

Mas me deparei com um episódio esses dias que me deixou pensativa.

Cada uma das personagens estava vivendo um drama relacionado a sexo que todas as mulheres do mundo já viveram alguma vez na vida.

Carrie estava namorando o Big havia algum tempo. Até que um dia, sem querer, acabou soltando um pum na frente dele. Coincidentemente, na mesma época, eles ficaram um tempo sem transar. Só dormindo juntos. Isso foi a gota d’água para ela entrar em uma espiral de angústia.

Será que ele não a desejava mais porque ela havia soltado um pum? Será que a relação deles havia acabado porque – pasmem – eles haviam dormido juntos três vezes (!!!) e não tinham transado?

Ela passou a questionar as outras meninas sobre os motivos do porquê Big não querer transar com ela. E todas as respostas giravam em torno do fato dela ter deixado escapar um pum e isso ter causado uma “perda de encanto”. Afinal, a mulher é um ser impecável que não pode nunca sair do pedestal da perfeição.

Carrie começou a se culpar por ter mostrado um mínimo de humanidade, passou a questionar todas as suas atitudes e entrou em uma crise de pânico.

Samantha chegou a dar um exemplo de um homem que terminou com ela porque ela não estava depilada, e concluiu dizendo que mulheres devem estar sempre impecáveis para os homens.

Isso me deixou completamente embasbacada. Mulheres não tem o direito de serem humanas?

Gente, eu solto pum o dia todo. Eu faço cocô. Eu não me depilo toda a semana. Eu tenho espinhas. Eu tenho estrias. Tenho muitas gorduras localizadas. Isso faz de mim indesejável? Inaceitável aos olhos do sexo masculino? Que mundo é esse?

Enquanto isso, Charlotte vivia outro drama que também me deixou boquiaberta. Ela estava saindo com um homem que não conseguia transar com ela porque tomava antidepressivos e não conseguia uma ereção. Ela ficava horas e horas tentando fazer com que ele “funcionasse”, sem sucesso. E o cara ficava lá, deitado na cama com os braços atrás da cabeça dizendo para ela que não ia funcionar. Até que ela desistiu.

Em nenhum momento passou pela cabeça dele – nem dela – que o prazer feminino não gira em torno do pênis somente?

Ele nem se esforçou. Ele não moveu um dedo para dar prazer a Charlotte e fazer com que ela conseguisse o que ela queria: transar. Afinal, sexo não é só pênis + vagina.

E o pior, ela aceitou! Ela em nenhum momento o questionou, isso não passou pela sua cabeça.

Já a Miranda estava vivendo um momento de seca. Não transava havia três meses e estava desesperada. Literalmente desesperada. Em determinada cena, ela diz que se não aparecesse um homem para ela em duas semanas ela agarraria uma das amigas.

Quando mulheres passaram a depender exclusivamente dos homens para se satisfazerem sexualmente? Cadê o empoderamento feminino? Desde quando mulheres não sabem ficar sozinhas? E gente… Três meses não é NADA! Vocês não sabem ficar sozinhas por três meses?

O que me leva ao problema da Samantha. Que escolheu passar por uma abstinência sexual para conseguir uma elevação tântrica. Em determinado momento ela tenta se masturbar como um exercício tântrico e não consegue. Ela precisa do homem para sentir prazer.

Ela simplesmente não sabe se satisfazer sozinha. No final das contas ela desiste do experimento e literalmente transa com o primeiro homem que aparece.

Esse episódio me deixou preocupada em tantos níveis que achei que merecia um texto sobre.

Nós, mulheres, precisamos entender que não precisamos de homem nenhum para nos satisfazermos. Que somos muito mais do que suficientes sozinhas. E, principalmente, somos HUMANAS.

Não somos perfeitas, podemos ter nossas falhas e não devemos escondê-las para agradar homem nenhum.

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